O Roteiro de Luz e de Amor




A vinda do Cristo ao cenáculo obscuro do planeta, trazendo a mensagem luminosa da verdade e do amor, assinalara o período da maioridade espiritual da Humanidade.


Essa maioridade implicava direitos que, por sua vez, se fariam acompanhar do agravo de responsabilidades e deveres para a solução de grandes problemas educativos do coração.


Se ao homem físico rasgavam-se os mais amplos horizontes nos domínios do progresso material, os Evangelhos vinham trazer ao homem espiritual um roteiro de novas atividades, educando-o convenientemente para as suas arrojadas conquistas de ciência e de liberdade, com vistas ao porvir.


Cumpre-nos reconhecer nos Evangelhos uma luz maravilhosa e divina, que o escoar incessante dos séculos só tem podido avivar e reacender. É que eles guardam a súmula de todos os compêndios de paz e de verdade para a vida dos homens, constituindo o roteiro de luz e de amor, através do qual todas as almas podem ascender às luminosas montanhas da sabedoria dos Céus.


A grandeza da doutrina não reside na circunstância de o Evangelho ser de Marcos ou de Mateus, de Lucas ou de João; está na beleza imortal que se irradia de suas lições divinas, atravessando as idades e atraindo os corações.


Não há vantagem nas longas discussões quanto à autenticidade de uma carta de Inácio de Antioquia ou de Paulo de Tarso, quando o raciocínio absoluto não possui elementos para a prova concludente e necessária.


A opinião geral rodopiará em torno do crítico mais eminente, segundo as convenções. Todavia, a autoridade literária não poderá apresentar a equação matemática do assunto.


É que, portas adentro do coração, só a essência deve prevalecer para as almas e, em se tratando das conquistas sublimadas da fé, a intuição tem de marchar à frente da razão, preludiando generosos e definitivos conhecimentos.


Lembrando a influência do Divino Mestre em todos os corações sofredores da Terra, recordemos o episódio do monge de Manilha, que, acusado de tramar a liberdade de sua pátria contra o jugo dos espanhóis, é condenado à morte e conduzido ao cadafalso.


No instante do suplício, soluça desesperadamente o mísero condenado:


- “Como, pois, será possível que eu morra assim inocente? Onde está a justiça? Que fiz eu para merecer tão horrendo suplício?


Mas um companheiro corre ao seu encontro e murmura-lhe aos ouvidos:


- “Jesus também era inocente!...


Passa, então, pelos olhos da vítima, um clarão de misteriosa beleza. Secam-se as lágrimas e a serenidade lhe volta ao semblante macerado, e, quando o carrasco lhe pede perdão, antes de apertar o parafuso sinistro, ei-lo que responde resignado:


- “Meu filho, não só te perdôo como ainda te peço cumpras o teu dever.



Emmanuel

Edição de textos retirados do livro: “A Caminho da Luz” – Psicografia de Chico Xavier