Por que há Espíritos Negativos? (Parte 1/2)



Muitas pessoas perguntam por que há tantos espíritos desencarnados apegados ao plano físico ou envolvidos em tramas obsessivas. A explicação para isso é das mais simples: a morte não muda ninguém! O desencarnado de hoje é aquele mesmo que estava encarnado ontem. Extrafisicamente, ele é o reflexo exato daquilo que manifestava no plano físico.


A morte não transforma a pessoa tacanha em "gênio do além" e nem o desequilibrado emocional em anjo sideral. A pessoa é, literalmente, após a morte, o mesmo que era antes de desencarnar. Nem mais, nem menos: ela é a mesma consciência, com os mesmos pensamentos e desejos de antes; somente foi ejetada para fora do corpo finalmente. E apenas pura causa e efeito: se é após a morte o que se foi em vida terrestre.


Para entendermos bem a mecânica desse processo, é só observarmos o que a maioria das pessoas busca na existência terrestre. Se a criatura busca desejos baixos na vida, é óbvio que seu corpo espiritual manifestará, também, energias de baixo nível. É por isso que encontramos tantos desencarnados em estado lastimável após a morte: já eram lastimáveis em vida, pois buscavam objetivos grosseiros.


Como dizia o mestre Léon Denis: A morte não nos muda e, no além, somos apenas o que nos tornamos neste mundo. Daí a inferioridade de tantos seres desencarnados.”

Há muitos relatos antigos se referindo à influência nefasta dos espíritos negativos sobre as pessoas. Dependendo da época, do povo e da cultura vigente, a denominação desses espíritos variava: espíritos trevosos, almas penadas, fantasmas, espíritos inferiores, espíritos apegados, espectros malignos, demônios etc...


Paulo de Tarso, o grande apóstolo cristão, sabia bastante sobre a ação desses espíritos infelizes, pois sofreu muitos assédios espirituais durante sua missão de espalhar os ideais cristãos. Por isso, ele escreveu o seguinte:


Porque nós não temos de lutar contra o sangue e contra a carne, isto é, contra as paixões vulgares, mas contra os principados e protestados; contra os governadores das trevas deste mundo; contra os espíritos da maldade nos ares.”

(Paulo de Tarso, Efésios, cap. 6: vers. 12)



Porfírio, grande iniciado espiritualista da antiguidade, também se referiu ao assunto:


A alma, mesmo depois da morte física, permanece ligada ao corpo por estranha ternura e uma afinidade tanto maior quanto mais bruscamente essa essência houver sido separada de seu envoltório; vemos almas em grande número voltear; desorientadas, em redor dos seus restos terrestres. Ainda mais, vemo-las procurar com diligência os despojos de cadáveres estranhos, e acima de tudo, o sangue fresco derramado, cujo vapor parece restituir-lhes, por alguns instantes, certas faculdades da vida.


Assim os feiticeiros abusam dessa noção no exercício de sua arte. Nenhum ignora como evocar, à força, as almas obrigando-as aparecer, seja agindo sobre os restos do corpo que deixaram, seja invocando-as no vapor do sangue derramado.”

(Porfírio, Des Sacrifices, cap.II)


Paracelso (pseudônimo de Theophrastus Bombastus von Hohenheim; 1490-1541), o grande alquimista e ocultista do século XVI, escreveu o seguinte:


“Vamos conhecer agora a maneira como os espíritos podem nos prejudicar. Se desejamos com toda a nossa vontade (plena voluntas) o mal de outra pessoa, essa vontade que está em nós acaba conseguindo uma verdadeira criação no espírito, impelindo-o a lutar contra o lado da pessoa que queremos ferir.


Então, se este espírito é perverso (mesmo que o corpo correspondente não seja), acaba deixando nele (no corpo) uma marca de pena ou sofrimento, de natureza espiritual em sua origem, ainda que seja corporal em algumas de suas manifestações.


Quando os espíritos travam essas lutas, acaba vencendo aquele que pôs mais ardor e veemência no combate. Segundo essa teoria, devem compreender que em tais contendas se produzirão feridas e outras doenças não corporais. Por conseguinte toda uma série de padecimentos do corpo pode começar desta maneira, desenvolvendo-se em seguida conforme a substancia espiritual.”

(Paracelso; "A chave da Alquimia"; pág.129; Ed. Três)



CONTINUA...